Por Renato Galisteu
Percebi que já há algum tempo as discussões em torno das gerações se esfriaram. E isso é realmente muito bom, pois mostra que o mercado está evoluindo do “problema” para a ação. Como me disse um dia Cezar Taurion, evangelista da IBM Brasil, quando um assunto para de ser discutido, isso não quer necessariamente dizer que ele se esgotou, mas sim que evoluiu para um ponto comum de concordância.
Honestamente, nunca entendi a preocupação que o pessoal da velha guarda alimentava em relação às gerações X, Y e Z, pois eles não poderiam construir um muro em torno do crescimento dessas “novas” pessoas, e, fatalmente, tudo o que chegaria a partir dessas gerações, aos poucos, se tornariam os novos padrões. Sempre será assim.
Sei que o título não ficou lá aquelas coisas – ou compreensível num primeiro instante -, mas a ideia é mostrar que hoje não é uma ou outra geração que lidera algo ou algum movimento no mercado, mas sim um conjunto de palavras que definem, de fato, como as coisas chegaram no ponto em que estão (e isso é bom). Também devo ressaltar que não quis copiar os oito “P”s do Marketing Digital, livro genial de Conrado Adolpho Vaz**, por mais que ele tenha servido de base para que eu pudesse crescer como profissional. Vamos aos oito “C”s do mundo digital – e todos eles têm em comum a ideia de provocar mudança:
Conteúdo: a informação é a maior moeda de troca que se pode ter. No mundo da TI, chamados de Big Data, mas, num contexto geral, tudo gira em torno da capacidade da empresa ou profissional criar conteúdo que seja relevante (valor) para seu cliente. O vídeo, aliás, tem se tornado uma fonte cada vez mais forte que as palavras, então vale a pena investir tempo na criação de mídias como esta, além de artigos e materiais que enriqueçam sua empresa, seus valores e, principalmente, seu cliente.
Criatividade: a mãe da inovação. No mundo imediatista, não há moldes, caixas ou silos do sucesso. Tudo depende da criatividade para fidelizar o cliente. Se essa sempre foi a palavra de ordem em algumas empresas, ela passa a ser a chave das portas de muitos potenciais clientes. Não se trata mais de preço ou qualidade, mas sim relacionamento, então invista na criatividade de seus funcionários, deixe suas mentes orbitarem ambientes diferentes, pois somente assim boas ideias vão brotar. Inspire-se no exemplo – e liberdade – da LEGO.
Colaboração: essa é manjada. Mas é complexa. Como estimular a colaboração dentro da sua empresa para obter melhores produtos ou tomadas de decisões? Um dos grandes problemas das empresas é a cultura (que veremos a seguir), que, normalmente, não comparta mudanças ou processos de renovação. Colaborar, por vezes, é acabar com as baias para permitir que as pessoas se vejam. É propor uma ideia e não uma decisão. Com o avanço da internet e dos meios para conexão, a informação está espalhada e é percebida e captada de formas diferentes pelas pessoas e, por isso, é importante permitir a colaboração, para chegar a um resultado mais significativo.
Cultura: as companhias pregam a cultura numa rocha e jamais a repensam. O fato é que a cultura é um processo resultante do questionamento ético, ou seja, discutir um moral existente para que seja proposto um novo olhar sobre algo. Os valores mudam, estão sempre em movimento, e essa ação proporciona coisas fantásticas. É um assunto muito “pesado”, mas, em essência não é complicado, pois, se levarmos em consideração que os modelos de negócios estão em constante evolução, logo nos daremos conta que isso afeta o fundamento de como a empresa se relaciona com os seus clientes e, portanto, já iniciou o processo de reavaliação da cultura. Basta levar aos outros níveis.
Coletivo: é parte do processo de colaboração, mas merece um espaço de destaque. As pessoas estão deixando de tomar as decisões sozinhas. Se sua empresa ainda tem um alguém controlador neste sentido, em breve você poderá observar problemas. As mídias sociais causaram uma ruptura no processo atual de tomada de decisões, pois há muito poder numa mensagem que é compartilhada ou um tuite que é repassado. O coletivo tem força e deve ser adotado. Claro que há momentos onde algo deve ser feito de imediato, pois nem sempre haverá tempo para pesquisar por todos os elos que podem ajudar a resolver algo, mas, se possível, adote processos coletivos de inovação e decisão.
Curiosidade: por algum motivo, as pessoas deixar de ser curiosas quando se enfiam – ou são colocadas – dentro de ações burocráticas e processuais. Quase um cabresto. Há pessoas que fazem coisas que não gostam, por não terem dado continuidade à sua curiosidade, se contentando com o que tem, seja por estabilidade, dinheiro ou qualquer coisa que não a felicidade, realização ou desafio. Estimular a curiosidade nos colaboradores pode despertar habilidades que não existiam – ou que nunca haviam sido estimuladas – e isso pode refletir em mudanças estratégicas relevantes para sua empresa. Processos de gamificação podem ajudar nisto.
Competitivo: a máxima do futebol “quem não faz, leva” é bastante válida neste ponto. Sempre houve e haverá competição, mas, agora, o poder está, de fato, na mão dos clientes. Se eles não gostarem de algo, vão compartilhar nas redes sociais, e seus concorrentes terão acesso aos seus pontos fracos de maneira mais rápida, podendo usar isso contra sua empresa, conquistado seu cliente. A competitividade chegou a um novo nível, pois não se trata mais de um marketing de guerrilha ou de preços, mas sim de relações reais, sinceras e transparentes, que ofereçam uma experiência agradável ao cliente.
Conectado: esse é o mais óbvio e o menos compreendido. De uma forma muito mais rápida, tudo está conectado e conversando, o tempo todo. Os sistemas, as pessoas, as oportunidades. Assim como nos livros de Dan Brown, existe uma rede interligada de ações que levam a novos horizontes e descobertas. Esse aspecto hiperconectado é base fundamental de todas as mudanças dos últimos anos e, acredito, nunca deixará de ser, pois não há mais como desplugar as redes.
Fonte: Information Week