segunda-feira, 11 de março de 2013

Por Alberto Marcelo Parada, que já atuou em empresas como IBM, CPM-Braxis, Fidelity, Banespa, entre outras, e atualmente integra o quadro docente nos cursos de MBA da FIAP. Diretor de Projetos Sustentáveis da Sucesu-SP.

Você não nasceu gerente e, muito provavelmente, quando era pequeno, jamais sonhou em ser. Pensou sim em ser bombeiro, médico, engenheiro, pensou até em ser milionário, um Eike Batista, mas gerente com certeza nunca sonhou.

Mas por que, depois de alguns anos de carreira técnica, este desejo muda... Status? Poder? Dinheiro? A tão glamorosa carreira executiva? Pura aptidão? Com certeza muitos pensam assim e querem isso; uma outra grande quantidade de profissionais sonha e deseja ser eternamente técnico. Na verdade, é isso que lhe dá prazer. Ser gerente, para muita gente é um porre!

Infelizmente, com o passar dos anos, a função de liderança se aproxima irreversivelmente da sua realidade. Cada dia que passa você vai ficando mais experiente, ganha mais jogo de cintura, recebe promoções, consegue certificações, aumenta sua networking, mas não será por esses motivos que a maioria das empresas, em um determinado momento, irá exigir que você vire gerente. O verdadeiro motivo é porque você ficou caro.

Promovendo você a gerente, além de suportar a garotada nos projetos, a empresa consegue diluir seus custos, aumentar o seu salário e te manter empregado. Não existe nenhuma má fé das empresas nesta decisão, elas não querem te perder. Mas não é mais possível alocar um profissional com os seus custos em um único projeto.

Quando você recebe a notícia da possível promoção para gerente explodem diversas emoções: “vou ganhar poder, status, mais dinheiro, terei um horário mais flexível”; por outro lado vem a sensação: “que saco, agora eu não vou trabalhar mais, só participarei de reuniões infindáveis, terei que ficar puxando o saco do meu chefe, do cliente. Será que é isso que realmente eu quero para a minha vida, vou perder totalmente o prazer que eu tenho de ser técnico”.

Outros poderiam questionar: e a carreira Y? Quantas empresas de fato possuem carreiras Y? É impossível para uma empresa de serviços que vende e implementa soluções manter em seu quadro profissionais com custo elevado. O profissional sênior, em determinadas situações, pode ter uma remuneração quatro vezes maior que os profissionais iniciantes e, em diversos casos, ganhar mais que gerentes.

Uma alternativa é vender sua experiência técnica não mais em projetos de implantação e sim em solucionar problemas complexos. A ideia é muito boa, porém coloque-se no lugar do cliente: quem você contrataria um especialista de um parceiro ou um especialista do fabricante?

É assim que os executivos decidem a contratação de suporte técnico, até porque, caso o especialista do parceiro não resolva, ele será questionado porque não contratou o especialista do fabricante, nem que para isso tivesse que ter pago mais. A parede da promoção vai chegando e a angustia vai aumentando. Quantas vezes a cena se repetiu: ganhamos péssimos gerentes e perdemos excelentes técnicos!

Como sair deste dilema? O que fazer? Qual o melhor caminho a seguir? Estas perguntas martelam na cabeça dos profissionais desde seu ingresso na carreira e seguem com ele até o dia do veredito final.

Um caminho que tem se mostrado eficiente é o planejamento de carreira. Deixe um pouco de lado (apenas momentaneamente) o anseio desenfreado de ganhar mais e mais a cada dia e olhe para o futuro. Não se esqueça: uma hora você chegará no limite do ganha ganha e sua idade e seu conhecimento baterão à sua porta. Hoje você tem 20. Os 40 chegam muito mais rápido do que você imagina.

Quando iniciamos na carreira, não sabemos direito o que gostamos nem o que queremos fazer. Uma boa dica é reservar um período do seu dia para entender o que faz o profissional que senta ao seu lado, na sua frente, na sala ao lado.

Comece a observar os que estão há mais tempo na empresa, aqueles que despertam sua atenção, seja pela competência, pelo status, pelo conhecimento ou até pelo carro bonito que ele tem. Converse com eles, entenda o que fazem. Não preste atenção só “nas pingas que eles tomam”, mas descubra e entenda os tombos que eles levam”. Garanto: eles terão prazer em te contar. Com esta atitude você, além de aprender, estará construindo desde o início de carreira, a sua network. Em poucos anos você irá se identificar com o que realmente gosta de fazer.

O próximo passo é se capacitar para poder, em um determinado tempo planejado, adquirir as competências que irão te levar à posição que sonhou com a remuneração que deseja. Com planejamento e conhecimento você conseguirá administrar sua ansiedade de querer a toda hora ganhar mais. Saberá exatamente onde está e claramente para onde quer ir.

Tendo a carreira em suas mãos, caso você não tenha aptidão nem vontade de ser gerente, terá tempo suficiente de se especializar e procurar uma empresa onde poderá continuar a desenvolver e crescer como técnico e não terá que pagar o preço de trocar sua aptidão e desejo por dinheiro.

Fonte: TI Inside

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