segunda-feira, 18 de março de 2013

A TI está aumentando a eficiência, mas continua falhando em impulsionar o crescimento dos negócios, afirma estudo da Juniper e da Economist Intelligence Unit
Por Thor Olavsrud, InfoWorld/EUA

Você já deve ter escutado isso várias vezes: o papel do CIO e o papel da TI estão em mutação. Você precisa evoluir ou será deixado para trás.

Não deveria ser uma surpresa — a TI saiu dos data centers e está agora trabalhando ao lado dos negócios para tornar mais eficientes os processos existentes. E os departamentos de TI estão obtendo sucesso no aumento da eficiência dos negócios. Contudo, eles também estão fracassando quando o assunto é a transformação estratégica — para impulsionar o crescimento de negócios em novas áreas — de acordo com uma nova pesquisa da Juniper Networks e da Economist Intelligence Unit.

Descobrimos que a maioria das empresas continua, primariamente, olhando para a TI para economizar dinheiro e aumentar a eficiência organizacional”, conta Bask Iyer, CIO da Juniper. “A TI não é realmente buscada para crescimento, a não ser em empresas mais bem sucedidas financeiramente. Elas sim, estão fazendo o que as outras empresas não estão. Elas estão trabalhando perto da TI para desenvolver novos produtos. E dizem que a TI está apoiando o crescimento do seu negócio ao ajudá-lo a identificar novas oportunidades. As empresas com melhor desempenho estão claramente vendo os benefícios. Elas tendem olhar para o papel do CIO e da TI como protagonistas, parceiros estratégicos, em vez de meros coadjuvantes”.

Os negócios ainda veem a função da TI no papel tradicional de melhorar a eficiência de seus processos”, adiciona Rozina Ali, editora-adjunta da Economist Intelligence Unit. “Contudo, para realmente tirar proveito de um mundo cada vez mais digitalizado, as empresas precisam reconhecer o valor potencial da TI como parceira colaborativa na identificação de novas oportunidades”.

A pesquisa "Será que o departamento de TI pode acompanhar o crescimento exponencial de dados?" foi baseada nas respostas de 474 executivos de TI e das áreas de negócios na Alemanha, Japão e Reino Unido, e segundo a Economist Business Unit, 51% desses entrevistados eram executivos de nível C.

Preencher o tempo da TI com melhorias incrementais atrasa sua evolução

A realidade é que muitas empresas continuam pressionadas a fazer mais com menos, e a TI tem sido igualmente pressionada a impulsionar eficiência por meio de melhorias incrementais — consolidação de data centers, eliminação de servidores, gestão de memória, realocação de processos, etc”, comenta Iyer.

Na maioria dos casos”, diz, “as tarefas para tornar uma organização mais eficiente tomaram o tempo inteiro dos departamentos de TI. E este foco na eficiência operacional atrasa a evolução da TI em direção a tornar-se um parceiro de negócios mais estratégico”.

No espaço de redes, os desafios identificados na pesquisa são mais evidentes, segundo Iyer. “Gerentes de redes, muitas vezes, encontram-se competindo com aplicações de negócios mais tangíveis e de fácil compreensão nos orçamentos estratégicos e na atenção da diretoria. As redes têm dificuldades em chegar ao topo da lista de prioridades estratégicas. Isto é irônico, pois as redes se tornaram algo que possibilita (ou às vezes inibe) novas aplicações e novos modelos de negócios mais facilmente compreendidos”.

Grande parte dos entrevistados, 52%, diz que a principal responsabilidade da TI é melhorar a eficiência do processo de negócios (32% diz que a principal responsabilidade da TI é corrigir os problemas de hardware e software, e 25% diz que a principal responsabilidade da TI é melhorar a segurança para mitigar as ameaças potenciais relacionadas a TI). Além disso, no geral, 42% dos entrevistados concorda que o principal objetivo da TI é a execução eficiente dos processos de negócios.

A TI possui um importante papel no desempenho financeiro das empresas de alto desempenho

Mas, entre as empresas de alto desempenho, com faturamento maior, a TI é vista de forma diferente.

Em comparação às demais, 20% a mais entre as empresas de alto desempenho diz que a tecnologia possui um forte papel no desempenho financeiro de suas organizações, 11% a mais diz concordar plenamente que a afirmação de que a função da TI pode apoiar o crescimento de negócios por meio da identificação de novas oportunidades de mercado, e 8% a mais diz que a função da TI está envolvida de perto no auxílio do desenvolvimento de novos produtos.

As empresas de melhor desempenho também são mais propensas a medir o desempenho da TI no contexto da função dos negócios”, conta Iyer. “Elas, na verdade, exigem mais da TI e obtém um retorno maior. CEOs e conselhos executivos devem exigir que o CIO seja um líder capaz de exercer uma função que é estrategicamente posicionada e preparada para contribuir para o crescimento”.

Esta é uma das poucas funções na qual o valor do CIO irá aumentar depois de alguns anos, de forma semelhante a lei de Moore”, adiciona Iyer. “Descubra o que você quer, exija isso, vá e recrute. Existem pessoas que podem fazer o trabalho para você. Não use a desculpa de que o cara da TI não tem as habilidades necessárias”.

Etapas para ajudar a TI a transformar-se em um parceiro estratégico

Na visão de Iyer, existem vários passos que as empresas podem tomar para facilitar uma melhor interação entre a TI e as áreas de negócio. Interação esse que pode levar a uma verdadeira inovação diferente de apenas seguir em direção à melhoria de negócios.

A primeira delas é que, como praticantes de TI, devemos adotar esta interdependência entre a TI e o negócio, e devemos sair da função de suporte para um papel mais estratégico”, afirma ele. “Devemos também estabelecer parcerias com o negócio para o desenvolvimento de novos produtos e a identificação de novas oportunidades de mercado. Ao mesmo tempo, o negócio precisa adotar a TI como um parceiro estratégico de valor. Finalmente, juntos, devemos embarcar nesta transformação para entregar tanto crescimento quanto produtividade”.

Um bom exemplo é a Google: quando o planejamento anual ocorre, são os líderes da unidade de negócios em vez do CIO que se impõem para defender novos projetos de TI que beneficiarão suas unidades de negócios. Isto, conta Iyer, encoraja a TI e as partes interessadas a sincronizarem suas prioridades e o orçamento.

Eles se levantam e dizem, ‘Não posso crescer nesses mercados se esses 10 projetos de TI não forem executados”, conta Iyer. “Porque o CIO é o único cara que vai defender a razão pela qual a TI deve colocar dinheiro no sistema CRM?”.

Iyver conta que os negócios também devem buscar envolverem mais a TI no processo de pesquisa e desenvolvimento, desde o início, onde os praticantes podem ajudar a manter processos agilizados logo do princípio em vez de entrarem depois, para agilizarem o fluxo de trabalho e outros processos. Adicionalmente, a TI precisa adotar tecnologias disruptivas como a nuvem, dados móveis e outras que impulsionam o crescimento dos negócios e criam uma oportunidade para a TI obter um papel mais estratégico.

Deve ser um processo colaborativo”, conta ele. “Não existe outro fator na gestão que possua tanta rentabilidade quanto a tecnologia da informação”.

Fonte: CIO Gestão

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