segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mobilidade, consumerização, cloud computing, Big Data e mídias sociais continuarão redesenhando as TIC, mexendo com o cenário global. A gestão de TI nas empresas ficará muito mais complexa mas, ao mesmo tempo, deverá gerar grandes oportunidades.



O ano de 2011 deve ficar marcado na história pelo advento de tendências que acabarão por romper com os atuais paradigmas do setor. A TI do futuro começou a ganhar novos contornos com conceitos e tecnologias como mobilidade, consumerização, cloud computing, Big Data e negócios sociais. Segundo especialistas, essas tendências criarão um ambiente em que a gestão da tecnologia nas empresas ficará muito mais complexa mas, ao mesmo tempo, vai gerar grandes oportunidades. A TI dos próximos anos será a chave para o desenvolvimento de novos negócios e para o aumento da competividade.

No ano em que se iniciou essa nova fase de transformações, outro desafio da TI foi dar resposta à grave crise dos países desenvolvidos. Em 2011, os números do setor mostram que ele respondeu bem às dificuldades econômicas dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão. Segundo a consultoria IDC, a TI deve atingir faturamento de pouco mais de 1,7 trilhão de dólares, o que significará crescimento de 7,3%, taxa que foi garantida, em grande parte, pelas nações emergentes como China, Brasil e Índia. Para o mercado brasileiro, o instituto prevê expansão de 13%, já para China e Índia, a expectativa é que tenham incremento de 21% e 12%, respectivamente.

Cláudio Soutto Mayor, líder da área de Consultoria de TI da Deloitte, diz que o ano de 2011 foi um período de aprendizado em relação aos impactos causados pelo avanço do conceito de cloud computing, mobilidade e necessidade de uso de soluções analíticas. “A combinação desses três fatores acarretou em mudanças globais da TI. Mas aqui no Brasil estamos em momento favorável na economia, que deve ajudar no crescimento das empresas e consequente aumento de investimentos em TI”, afirma.

Um pouco abaixo da média mundial, e representando algo em torno de um terço do total do faturamento da TI global, o mercado norte-americano deve apresentar aumento de 6,7% neste ano. Já a Europa Ocidental, não crescerá mais do que 3,5%, segundo previsões da IDC. E o Japão, afetado pela crise econômica e pelos efeitos do terremoto e pelo tsunami, que atingiram o país no primeiro trimestre, terá desempenho negativo, com recuo de 2,4%.

O gerente-geral da IDC Brasil, Mauro Peres, informa que as dificuldades econômicas de 2011 foram amenas se comparadas à gravidade da crise de 2008 e 2009, que levou à suspensão dos investimentos. “Grandes projetos são os que mais sofrem quando há uma crise mais profunda. E o que se viu em 2010 e 2011 foi a retomada de muitos investimentos que foram interrompidos em 2008 e 2009”, diz o executivo. Em 2011, prossegue, o mercado de serviços de TI manteve constância, por ser mais estável.

Segundo ele, a expectativa é de que os países desenvolvidos cresçam mais do que neste ano, com os da Europa apresentando incremento de 4,9%, os Estados Unidos, 7,1%, e o Japão se recuperando, com expansão de 3,5%. Já os países emergentes sofrerão desaceleração, sentindo os efeitos da crise econômica internacional. No entanto, esses mercados continuarão com taxas mais altas. Na América Latina, a expectativa é de alta de 9,8%, ante 13,2% em 2011, sendo que o Brasil expandirá 11,5%. “O País vai continuar avançando, com previsão de crescer quase quatro vezes o PIB”, afirma Peres, lembrando que o Brasil, junto com Índia e China, continuará a ser um dos mercados mais cobiçados pelas empresas.

Segundo o analista de mercado da IDC, Martim Juacida “a mobilidade está no centro das atenções dos consumidores”. A condição da economia no País, somada ao fato de a classe média continuar com acesso a crédito, faz com que o segmento aponte para números maiores a cada trimestre.

Mayor, da Deloitte, acrescenta à explosão da mobilidade, o aumento da demanda por aplicações de inteligência de negócios, que acabaram saltando para os dispositivos móveis, aprimorando e agilizando as tomadas de decisão e aquecendo ainda mais a febre de tablets e smartphones.

Independentemente do desempenho do setor de TI no mundo, o que não muda são as atuais tendências para aquilo que a IDC definiu como a “Terceira Onda de Tecnologia”. Segundo Peres, redes sociais, explosão de dados, mobilidade e nuvem, são ingredientes disruptivos, que alteram a forma como a Tecnologia da Informação será desenvolvida no futuro. Por conta disso “o ambiente de TI está ficando mais caótico e mais difícil de ser gerenciado. Trata-se de uma época em que a tecnologia está se fragmentando. Um ambiente em que ela é mais complexa de ser gerenciada, porém com maior potencial de se usá-la para gerar valor ao negócio”.

Com a explosão do universo digital, o gestor de TI precisa ter consciência de que terá de trabalhar muito para minimizar o risco que esse nível caótico pode gerar. Para o executivo da IDC, o CIO deve conscientizar-se de que, cada vez mais, perderá o controle sobre a tecnologia acessada pelos usuários nas empresas. “O crescimento de informações em zetabytes é exponencial. Em 2020, vamos ter mais smartphones do que PCs, até dez vezes mais servidores no mercado de TI do que existem hoje, 70 vezes mais informações para serem gerenciadas e o número de pessoas alocadas em TI vai crescer apenas uma vez e meia. E o orçamento somente duas vezes maior”, diz.

Segundo dados do instituto de pesquisas Gartner, em 2010, a base instalada de PCs móveis e smartphones superou a de PCs. Cerca de 20 milhões de tablets (como o iPad) foram vendidos em 2010, mas, até 2016, o Gartner estima que 900 milhões de tablets serão comercializados, o que representa um equipamento para cada oito pessoas do planeta. Até 2014, os dispositivos baseados em sistemas operacionais móveis [como o iOS da Apple, o Android do Google, e o Windows 8 da Microsoft] superem todos os sistemas baseados em PCs.

“Há três anos, medimos o uso corporativo das redes sociais. Menos de 20% das empresas empregavam em 2009. Em 2011, mais da metade das companhias já a adotou para alguma função corporativa”, diz Peres.

Para os analistas do Gartner, o crescimento das mídias sociais tem significado o advento da informação instantânea, com a criação de um ambiente para aplicativos sociais e preparado terreno para a era dos negócios digitais. O vice-presidente do Gartner, Peter Sondergaard, afirmou durante o evento Gartner Symposium ITxpo 2011, realizado no final do ano passado, em São Paulo, que o próximo estágio da chamada computação envolverá clientes, cidadãos e funcionários com os sistemas corporativos.

“Com 1,2 bilhão de pessoas nas redes sociais - cerca de 20% da população mundial – a computação em nuvem está em nova fase. Os líderes de TI devem incorporar imediatamente as capacidades de software social em seus sistemas empresariais”, disse Sondergaard.

Na opinião do executivo do Gartner, o tradicional data warehouse empresarial, centralizando todas as informações necessárias para as decisões, não terá lugar nessa nova era. Para Sondergaard, múltiplos sistemas, incluindo gestão de conteúdo, data warehouses, data smarts e sistemas de arquivos especializados, unidos com serviços de dados e metadados, vão se tornar um warehouse “lógico” dos dados empresariais. “A informação é o combustível do século 21, e as análises, o motor de combustão”, descreve Sondergaard.

Nesse estágio, entra outra tendência disruptiva, pois essa busca por análises vai gerar um volume sem precedentes de informações com enorme variedade e complexidade. Isto está levando a uma mudança nas táticas de gestão de dados, conhecida como Big Data, criando o que o Gartner denomina Estratégia Baseada em Padrões (Pattern-Based Strategy Architecture, em inglês), que busca sinais e os modela pelo seu impacto – e, depois, os adapta ao processo de negócio da organização.

Fonte: CIO Gestão

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